A fotografia e o cinema foram invenções do século XIX. Cada um desses adventos foi produto e produtor de um modo de nosso mundo se pensar e se representar. O advento fotográfico, por exemplo, cristalizou um modo inteiramente novo de vivenciar o tempo e produzir nele, outras imagens. A fotografia, como sabemos, mudou então a própria natureza da arte. Assim, além da história da técnica e da história interna ao dispositivo, há ainda outras histórias, entre tantas possíveis, que dizem respeito às relações entre imagem e mundo, “uma história que de tão comprida quase não se distingue de uma história da própria humanidade” (Lissovsky). Percorrer a história da fotografia é portanto pensar a forma histórica do sujeito, é perceber as transformações nas maneiras de esperar, as relações entre estética e política, tecnologia e subjetividade. É reencontrar cristalizações da arte, registros dos movimentos de vanguarda, iconografia da arte e da teoria. É seguir as lutas, evoluções e fracassos maquínicos. É sentir como a fotografia, ela mesma, pode ser pensada como uma experiência histórica, em vias de se modificar inteiramente ou, até, desaparecer.