Tema: Fot. Contemporânea: experimentações

A fotografia e o desejo de happening

Ronaldo Entler | 15.set.2015

Ao mostrar Jackson Pollock em ação, os registros de Hans Namuth (1950-51) deram um desenho mais nítido àquele corpo em movimento que já era de algum modo visível nas próprias pinturas. O gesto pode ser intuído de qualquer pintura, seja um Rembrandt, seja um Van Gogh mas, no caso de Pollock e de todos os pintores que foram associados à Action Painting, a reconexão de um resultado com esse gesto que lhe deu origem é um dos sentidos almejados pela obra. Na medida em que os artistas se abrem a tantas novas experimentações, acentua-se o desejoLeia Mais

Carta a Rodrigo, de Valparaíso

Pio Figueiroa | 2.maio.2014

São Paulo, 29 de abril de 2014. Querido Rodrigo Gomez Rovira, Há tempos queria tê-lo escrito para falar de mim. Voltei às pressas de sua cidade tentando resolver o fim de uma história profissional construída em grupo, que me colocou, abruptamente, em uma nova trajetório de trabalho. Uma saída corrida em busca do que não havia jeito… Não escrevi antes. Esperava ter coragem, esperava o tempo que você merecia para saber sobre a minha volta tão rápida a São Paulo. Mas há poucos dias vi a sua cidade pela notíciaLeia Mais
Como já discutimos largamente, os discursos e as análises acerca das imagens e, sobretudo, das imagens fotográficas, que caracterizaram o campo teórico até a década de 1980 já não parecem encontrar tanta ressonância na realidade do mundo contemporâneo. As investigações que, como sabemos, desejavam saber o que a fotografia era em si, pensar a fotografia contra o cinema, identificar o irredutível fotográfico, não parecem fazer tanto sentido diante dos processos atuais de produção, difusão e recepção de imagens. Com efeito, as investigações acerca das relações transversais entre as imagens, asLeia Mais
Cao Guimarães é um artista e cineasta que tem se empenhado para diminuir a distância entre esses dois campos, mas que, de fato, sempre foi visto mais confortavelmente no circuito de galerias e bienais do que nas salas de cinema. Uma amostra significativa de sua produção, que inclui também seus longa-metragens, está sendo exibida agora no Itaú Cultural, em São Paulo. O título da mostra, Ver é uma fábula, é emprestado do livro Catatau, de Paulo Leminski, e nos desarma das questões que tendemos a colocar sobre a veracidade daquilo queLeia Mais
Acabo de voltar de Nova York, haverá o que contar aqui em breve. Mas a viagem começou um tanto antes, sobretudo com dois documentários que vi recentemente, News From Home (1977), de Chantal Akerman e Lost Book Found (1986), de Jem Cohen. De algum modo, foi a partir deles que surgiu o desejo de fazer essa viagem. São olhares muito distintos. Akerman, recém chegada da Bélgica, mostra em toda sua extensão as dinâmicas que descobre nessa cidade. Parada ou em movimento, permanece sempre receptiva aos acontecimentos, mesmo quando eles demoramLeia Mais
O cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2010, com o filme Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas. É uma narrativa repleta de fantasia sobre um homem que, com a proximidade da morte, reencontra pessoas as que ama, e também lugares, memórias e imagens ligadas a seu passado e a suas outras vidas. Neste ano, Apichatpong retorna ao festival apresentando fora da mostra competitiva dois novos projetos: o documentário Mekong Hotel e o curta Ashes, ambos de 2012. Este último é oLeia Mais

Fischli & Weiss: a comédia dos objetos

Ronaldo Entler | 7.maio.2012

Morreu na semana passada, aos 66 anos de idade, o artista suíço David Weiss que, desde o final dos anos de 70, trabalhava em parceria com Peter Fischli.  A dupla Fischli & Weiss se consagrou com várias séries fotográficas que foram, no entanto, pouco reconhecidas pelos críticos de fotografia. Entendidas como registros de esculturas e instalações, suas fotos pareciam manter certa subserviência diante de técnicas mais consagradas. Não demonstravam portanto a autoridade conquistada a duras penas pelos fotógrafos. Não raramente, a história da fotografia se pauta por essa mágoa e,Leia Mais

Desorientações momentâneas ou estranhas serenidades

Rubens Fernandes Junior | 20.jun.2010

Na contemporaneidade, quando tudo parece conhecido e banalizado, o fotógrafo A. Saggese propõe uma nova reflexão sobre a imagem fotográfica. Ao contrário dos seus trabalhos anteriores, quando a discussão era sobre uma fotografia tecnicamente precisa e exageradamente perfeita, exigência de sua visão binocular, imperfeita, agora ele trabalha a partir de uma imagem digital gravada na memória da câmera. Isto significa que o registro não tem mais o compromisso com o referente. Saggese especula sobre a possibilidade da imagem representar mais do que nela está registrado. Relaciona intencionalmente natureza e belezaLeia Mais
Olhando minha prateleira de teses, reencontrei a dissertação de mestrado de Maria Helena Villar, apresentada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, sob orientação de uma grande amiga, a professora Luciana Martha Silveira. Estive algumas vezes nessa Universidade, de onde saem algumas pesquisas muito rigorosas sobre a relação entre comunicação, arte e tecnologia (sejam as novas ou as velhas). O trabalho da Maria Helena se chama “A fotografia estenopéica revisitada: desconstrução da homologia tradicional através das dimensões sócio culturais da tecnologia”. Fotografia estenopéica é um nome mais técnico para as imagensLeia Mais

O vídeo nos oferece mais que a fotografia

Ronaldo Entler | 20.nov.2009

O Let’s Blogar colocou novamente a questão sobre o futuro da fotografia, relembrando que as câmeras digitais fazem vídeo em HD e que alguns espaços tradicionalmente ocupados pela fotografia estão agora aptos a receber imagens em movimento, sejam porta-retratos ou páginas de revista. Já temos exemplos suficientes de que, no campo da arte, as linguagens e tecnologias não se substituem, mas a discussão é sempre pertinente no que se refere ao papel mais utilitário da imagem, na ciência, na comunicação, nas documentações sociais. Algumas dessas coisas vão nos divertir umLeia Mais

Dois foto-filmes raros de Chris Marker

Ronaldo Entler | 24.out.2009

Nesses dias, tive acesso a cópias de dois filmes raros de Chris Marker, Lembranças de um futuro (Souvenirs d’um avenir, 2001), sobre o trabalho da fotografa Denise Bellon, e Se eu tivesse quatro dromedários (Si j’avais quatre dromadaires, 1966), um diálogo fictício em torno de imagens documentais que mostram as transformações do mundo. Ambos discutem fotografia e são feitos a partir de fotografias, por isso, foto-filmes. Compartilho alguns pequenos fragmentos desses e outros trabalhos. Pra quem já conhece Marker, pode valer mais a pena ir direto aos vídeos. Pra quemLeia Mais