Vigilância e visibilidade

As imagens estão por toda parte. Cruzam como nunca, dinâmicas de vigilância e de visibilidade. Fotografias tiradas por celulares, vídeos publicados nas redes sociais, imagens de ultrassonografia, imagens de instituições, dados de câmeras de vigilâncias. O mundo contemporâneo popularizou não apenas a produção voluntária de imagens, mas também amplificou as imagens da vigilância. Cada vez mais, para sermos é necessários sermos vistos. Nesse regime, dificilmente podemos distinguir o que serve para nos tornar mais visíveis e o que nos transforma em objetos da vigilância alheia. Do mesmo modo, não podemos delimitar com clareza quando deixamos de admirar as imagens de “nossos amigos” (ou desconhecidos) e quando começamos a vigiá-los. Trata-se de um tema fundamental para compreender a sociedade contemporânea e o estatuto atual da imagem.

Artigos do Icônica

Com os artigos a seguir, podemos pensar como a proliferação das imagens também trazem questões que permeiam a relação entre intimidade e público, exposições da vida privada e vigilâncias sociais.

Questões

1Reflita acerca de como as imagens participam atualmente de nossas vidas, do jeito que constituem nossas práticas de si, nossas narrativas, nossos modos de nos relacionarmos e de conhecermos. Utilizando exemplos da sua vida diária, do que vê nas redes sociais e do nosso cotidiano atual, disserte sobre o estatuto da imagem na sociedade contemporânea.
2As imagens contemporâneas contribuem para uma outra noção do que é “ser alguém”. Como podemos relacionar as imagens atuais e o “espetáculo de si”?
3A vigilância é muito antiga, mas atualmente assume características próprias deslocando seus efeitos também. Pense sobre as imagens atuais e como elas participam de uma vigilância distribuída, realizadas por máquinas e humanos, voluntaria e involuntariamente.

Para pensar com os artistas

Jens Sundheim (Alemanhã)
O viajante, 2002-16

Quando as ruas estiverem repletas de câmeras, talvez não precisemos mais levar nossas câmeras quando fotografamos. Jens Sundheim viaja pelo mundo e se coloca diante de câmeras de segurança que tem sinal aberto na internet. Enquanto isso, seu amigo Bernhard Reuss salva as telas que mostram essas imagens para compor um álbum dessas viagens. É um modo inusitado de retomar o controle da produção de imagens.
Saiba mais: http://www.der-reisende.org/

Jon Rafman (Canadá)
9 olhos, 2009

Desde que o carro do Google Street View mapeou as ruas do mundo com sua câmera de “9 olhos”, também podemos viajar sem sair de casa. Descobriremos imagens surpreendentes, às vezes engraçadas. Mas será que essas imagens substituem a vivência que poderíamos ter com cada um desses lugares?
Saiba mais: http://9-eyes.com/

Para pensar com os autores

  • Bruno, Fernanda. Vigilância Distribuída In Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013.
  • Sibilia, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
  • Tadeu, Tomaz (Org.) O panóptico / Jeremy Bentham. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.