Apresentação
O que a fotografia vê na cidade que não vemos? O que permite mostrar e esconder? Desde dos seus primeiros anos, a fotografia parece ter se apoderado dos olhos dos andarilhos, do corpo que se embrenhava pela cidade, percorria as ruelas, naquele teatro em que o ingresso seria o tempo perdido do viajante. A fotografia, então, impulsionava a velocidade na mesma medida que, por vezes, exigia sua interrupção – a pausa para o click; o espírito tenso para a captura. Nasceu assim uma espécie de afinidade: “a cidade tornou-se o fotografável por excelência”. Afinidade que ainda hoje se mantém: nos fazendo adentrar lugares diversos, pausando o fluxo para cartografias do urbano, compartilhando casas, fachadas, muros, pichações, a tinta fresca das paredes, o descascar dos viadutos. A partir dessas narrativas sobre a cidade é possível criar e conhecer outras etnografias da urbe.
Artigos do Icônica
Com os artigos propostos a seguir, podemos pensar como a fotografia participa dos modos de construção das narrativas da cidade em diferentes tempos e espaços. Como ela pode ser uma ferramenta de reconstruir o olhar que lançamos aos espaços que ocupamos coletivamente.