Os excessos da imagem

Produzimos fotografias porque queremos construir memórias, contar histórias, ter informação, conhecer o mundo a nossa volta. As imagens se tornam parte de nossa vida social e descobrimos formas ágeis e eficientes de colocá-las em circulação, em um regime econômico e social que se fundamenta nessa organização. Estamos diante de um novo vocabulário imagético (deletar, hds, download) e de uma nova escala de produção e circulação de fotografias. Nessa saturação imagética, pensar sobre as novas questões e mudanças parece ser fundamental, lançando um olhar crítico sobre as imagens e o que elas nos dizem sobre nós e sobre nosso tempo.

Artigos do Icônica

Com os artigos a seguir, podemos pensar como as imagens, antes de se tornar uma forma de tornar pública a nossa vida, era uma manifestação privada e discreta. Veremos também sobre o aspecto da arte, como o exercício do olhar pode trabalhar sobre os excessos. Por fim, colocamos a questão do que fazer com a saturação e a onipresença das imagens.

Questões

1Quando percorremos as imagens das redes sociais, conseguimos encontrar ali a história de cada indivíduo? Como podemos pensar as imagens enquanto ferramentas de fabricação de nossa presença e expressão?
2As violências das imagens estão presentes em diferentes níveis e relações em nosso cotidiano. As imagens dos jornais e revistas, dos comerciais, da televisão e publicidade parece saturar nosso desejo de olhar o mundo como espectador. Como esses excessos imagéticos transformam nossa individualidade em um objeto comercial e homogêneo? Quais os poderes exercidos por esses dispositivos?
3Estamos rodeados pelas presenças das imagens, seja em nosso cotidiano particular ou público, elas mediam nossas relações, nossos desejos e nossas trocas com o mundo. Diante dos excessos imagéticos que somos expostos, podemos pensar que todas as imagens são iguais? Quais as diferenças entre elas?

Para pensar com os artistas

Erik Kessels (Holanda)
24 horas, 2011/12

Neste trabalho, Erik Kessels ocupa galerias e outros espaços públicos com impressões de imagens postadas ao longo de um único dia nas redes sociais. É impossível medir o fluxo de imagens na internet, mas esse trabalho permite enxergar de forma mais clara esse excesso.
Saiba mais: http://kesselskramer.com/exhibitions/24-hrs-of-photos

Noah Kalina (EUA)
Todos os dias, 2000-2012

Todos que hoje tem acesso a um celular com câmera fotografam-se quase que diariamente. Alguns, fotografam-se muitas vezes a cada dia. Noah Kalina ficou famoso publicar um vídeo editado com selfies diários, que mostram sua transformação ao longo de 12 anos.