FABRÍCIO ARRIAGA | Azimute

Fabrício Arriaga é arquiteto Urbanista graduado pela UFF – RJ, especialista em engenharia Urbana pela COPPE – UFRJ. Atua como fotógrafo e membro da Sociedade Fluminense de Fotografia (Niterói-RJ), participando de exposições coletivas e desenvolvendo trabalhos autorais, em especial, relacionados às cenas urbanas e sobre a relação cidade/arquitetura/ indivíduo. Vive em Niterói, trabalha em São Gonçalo (RJ).
Azimute é o resultado de sua primeira pesquisa sistemática no campo das artes visuais, realizada no grupo de acompanhamento coordenado por Cláudia Tavares. Apresentado como um livro de pequena tiragem, o trabalho encontra no design gráfico uma forma orgânica de potencializar o efeito produzido por essa paisagem feita de vidro, luz e movimento. Neste momento, o autor busca viabilizar uma segunda edição do livro.
Contatos: arriagatavares@gmail.com
AZIMUTE
A construção de uma cidade implica a transformação não apenas da paisagem mas também dos pontos de vista a partir de onde a vemos. O espetáculo produzido pela metrópole é um das questões chave da estética moderna. Mas a aceleração do tempo e a multiplicação dos estímulos que a paisagem oferece conduz à direção contrária: a anestesia do olhar. Espelhando esse excesso, as fachadas de vidro, que deveriam funcionar como tela de projeção desse espetáculo, são reduzidas a uma nova forma de empena cega. Como uma atualização das catástrofes naturais, a cidade é hoje soterrada por sua própria superfície.
Benjamin já havia dito que é papel da fotografia revelar o “inconsciente ótico”, assim como a psicanálise revela o “inconsciente pulsional”. É justamente a ela que o olhar irrequieto de um arquiteto recorre para investigar os limites desses pontos de vista ao mesmo tempo inventados e ignorados pela metrópole.
Os fotógrafos modernistas já haviam explorado esse mesmo olhar obliquo como estratégia para acentuar o desenho exuberante das paisagens urbanas. Quase um século depois, o que descobrimos é que as formas se tornaram mais impuras, contaminadas pela disputa dos espaços. Há algo de familiar nestas imagens, mas há também uma descoberta: elas revelam uma cidade viva, intensa, desenhada não apenas pelas utopias da arquitetura, mas também pelos atritos, hoje pouco notados, que foram se aninhando na vida cotidiana. [Ronaldo Entler]