Ronaldo Entler | 24.abr.2017
É suficiente às vezes pensar a arte como expressão de um contexto histórico ou, pelo menos, de um modelo de pensamento, uma ideologia, a visão de mundo de um sujeito. Isso projeta sobre as obras uma legibilidade apaziguadora. As coisas se complicam quando a imagem é tomada como um instrumento de exploração que se contamina da matéria que investiga. Ela assume uma existência impura, impregnada das alteridades que encontra pelo caminho. Aqui, não será suficiente pensar em arte-tecnologia, arte conceitual ou arte transcendental. Não se nomeará tão facilmente os engajamentos
Leia Mais Ronaldo Entler | 15.abr.2013
Esquecemos o quanto, um dia, a caverna foi acolhedora. Escura, ela era misteriosa e convidativa, assim como a paisagem fora dela que, mesmo iluminada pela luz do dia, não se revelava por completo. Se era preciso percorrer longas distâncias para buscar meios de sobrevivência, era necessário reencontrar a caverna, pelo teto que ela oferecia, mas também pelas paredes: com as imagens que nelas se desenhavam os homens construíam seus rituais e negociavam com a natureza aquilo que sua luz não permitia enxergar. Tanto na claridade quanto na penumbra, pelo lado
Leia Mais Ronaldo Entler | 5.set.2011
Onde a revolução digital não aconteceu Há vinte anos, especulávamos sobre os impactos das câmeras digitais que estavam para chegar ao mercado, tentávamos entender a mudanças no estatuto das imagens que elas produziriam, e prevíamos uma crise em sua credibilidade pelas facilidades de manipulação. Autores como André Rouillé sugerem que estamos diante de uma imagem de natureza tão distinta, que é um equívoco chamá-la ainda de fotografia (A fotografia, p. 16 e 452). Na prática, creio que essa mudança na forma de inscrição da imagem tenha desdobrado em promessas e ameaças
Leia Mais Rubens Fernandes Junior | 25.jul.2011
Entre o homem comum e a história há um abismo, muitas vezes inacessível, incontornável. Sim, isso particularmente me fascina, principalmente quando estou diante das fotografias que venho adquirindo e colecionando há mais de trinta anos. E é exatamente esses retratos – perdidos, esquecidos, abandonados, jogados na lata do lixo da história e deslocados do seu universo de intimidade – que pretendo discutir um pouco neste primeiro texto. Como será que podemos reintegrá-los dignamente à cultura e à cronologia da fotografia?
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