Pio Figueiroa | 25.maio.2015
No próximo dia 27 de maio, entra em cartaz a exposição Ver do Meio, um trabalho de Nelson Brissac, que provocou três fotógrafos a apreender uma cidade que “não se dar a ver”. Faço parte desse grupo ao lado de Arnaldo Pappalardo e Mauro Restiffe. São Paulo, com sua trama urbana que não garante precisões, nos levou a uma fotografia que se fez na rua, no embate do corpo com a cidade. Nelson Brissac publica aqui no Icônica seu texto curatorial acompanhado de algumas imagens que estarão expostas. © Arnaldo Pappalardo Ver
Leia Mais Pio Figueiroa | 3.maio.2015
“Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois”, Guimarães Rosa em seus últimos escritos, publicado em 1967 no Tutaméia Na última Bienal de São Paulo (2014), a fotógrafa Ana Lira expôs “Voto”, obra que foi oportunamente coligida num livro homônimo e que veio à luz sob o selo da Pingado Prés. É de se louvar o esforço dessa editora responsável por dar forma de livro às boas ideias, ela que, seguramente, merece o olhar de quem deseja publicar fotografias. No pavilhão da Bienal, a obra ganhou em escala ao ser firmada sobre
Leia Mais Pio Figueiroa | 2.mar.2015
O ensaio Recontro, 2014, de Lívia Aquino, faz-se pensar por pelo menos dois movimentos. O primeiro forma-se pela luz invasora que deixa as imagens com o aspecto de desenhos que despertam das expressões que somam-se, uma a uma, constituindo a série. O outro, a saber, é aquele em que as pessoas aparecem ou quase desaparecem, após dedicarem miradas, olhares desconcertantes, deixando claro que a fotógrafa estava lidando com o desconforto dado pelo real sentido de ser estrangeira, mais que isso, exótica àquelas ruas. Fotografamos assim: ali a cena, estamos daqui, parte observadores e,
Leia Mais Ronaldo Entler | 23.maio.2011
Aparentemente, a vocação mais natural de toda teoria é definir “o que é” seu objeto de análise. Nossos debates acadêmicos se consolidaram colocando uma questão dessa ordem: o que define a especificidade da fotografia? Chamamos essa perspectiva teórica de “ontológica”. Ontologia é, em resumo, o campo da filosofia que se pergunta sobre o “ser das coisas” ou, para dizer mais facilmente, “o que as coisas são, em sua essência” (a ontologia clássica fala em “substância”). Perguntar-se sobre o “ser” da fotografia é buscar aquilo que lhe concede uma identidade singular,
Leia Mais Ronaldo Entler | 28.fev.2011
Na minha pesquisa de pós-doc, discuti os trabalhos de Christian Boltanski e Sophie Calle a partir da seguinte hipótese: muitas vezes, a fotografia seduz não tanto pelo que ela mostra, mas pelo que esconde, pela história que supomos existir e que ela não é capaz de contar. Essa pesquisa virou um artigo, mas não foi oportuno contar ali uma das origens dessa intuição. Esses dias, uma ex-aluna me escreveu pedindo para relembrar o episódio. Decidi compartilhar. Em 2000, caminhando na região da Av. Paulista, eu achei uma carta escrita a
Leia Mais Ronaldo Entler | 25.jan.2011
Em dezembro de 2010, eu postei no Twitter: “João Castilho é mestre”. Várias pessoas concordaram e algumas acrescentaram outros adjetivos. Os elogios eram merecidos, Castilho já demonstrou seu talento como artista, mas minha afirmação era um pouco mais literal. Eu tinha acabado de participar de sua banca de mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais, onde ele apresentou a dissertação “A fotografia entrópica de Robert Smithson”. Não é tão óbvio encontrar um artista com vocação e disposição para a pesquisa acadêmica. Ainda vemos bons programas de pós-graduação acolhendo artistas que
Leia Mais Ronaldo Entler | 7.dez.2009
Olhando minha prateleira de teses, reencontrei a dissertação de mestrado de Maria Helena Villar, apresentada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, sob orientação de uma grande amiga, a professora Luciana Martha Silveira. Estive algumas vezes nessa Universidade, de onde saem algumas pesquisas muito rigorosas sobre a relação entre comunicação, arte e tecnologia (sejam as novas ou as velhas). O trabalho da Maria Helena se chama “A fotografia estenopéica revisitada: desconstrução da homologia tradicional através das dimensões sócio culturais da tecnologia”. Fotografia estenopéica é um nome mais técnico para as imagens
Leia Mais Ronaldo Entler | 6.nov.2009
O pensamento selvagem foi o primeiro livro de Levi-Strauss que li. E está entre aqueles poucos que nunca mais parei de ler. Tive também a sorte de ter um bom professor, Etienne Samain, que me ensinou quase tudo que eu sei sobre antropologia. Foi ele quem me explicou o grande salto que representava abandonar a idéia de uma “mente primitiva” para propor a existência de um “pensamento selvagem”. Chegarei lá, mas antecipo que tive a sensação de encontrar nesse livro algo que quase define a fotografia, pelo menos, uma certa
Leia Mais Ronaldo Entler | 29.out.2009
Dizem que Giovanni Pico della Mirandola, um erudito do século XV, orgulhava-se de ter lido aos 30 anos de idade todas as obras escritas e disponíveis em sua época. Isso só era possível, claro, porque a recente descoberta de Gutenberg ainda não tinha produzido seus efeitos. Com o mercado editorial produzindo mais do que nunca, quem poderia dizer algo parecido hoje? Talvez um jovem pesquisador da fotografia possa fazer uma visita à melhor livraria de sua cidade e, depois de algumas semanas, dizer que leu todos os ensaios disponíveis sobre o
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