Mauricio Lissovsky | 7.jan.2017
Foi no primeiro dia útil do ano, 2 de janeiro, em Paris, aos 91 anos de idade. Dia útil por que? Dia útil para quê? Para se contar uma história ‒ essa provavelmente seria sua resposta ‒, pois toda história começa pelo fim (ou porque há um fim). E o fim é sempre alguém que morre, pois “precisamos dos mortos para reconhecer a nós mesmos”. Em um diálogo memorável com, Susan Sontag , ambos concordam que “a morte de alguém”, de fato, “é sempre pretexto para se contar uma história.”
Leia Mais Cláudia Linhares Sanz | 8.abr.2013
Da série de fatos inexplicáveis que são o universo ou o tempo acrescentaria a fotografia. Uma espécie gabinete mágico, a espera de que algo aconteça para, enfim, revelar-se. Sua sobrevivência histórica é ainda mais enigmática. Hoje? Entre tantas tecnologias inovadoras, entre tantos hibridismos imagéticos: como poderia a fotografia não ter sido totalmente tragada pelas famílias de imagens que não cessam de se multiplicar e fundir-se? Sua persistência é, provavelmente, acontecimento que ninguém poderia pressentir. A despeito dos prognósticos mais acurados de teóricos e pensadores da mais alta qualidade, que avistavam
Leia Mais Ronaldo Entler | 30.jan.2012
Nestas férias, li Diário de Luto, de Roland Barthes, editado recentemente em português, com tradução de Leyla Perrone-Moisés. É um conjunto de pequenas anotações iniciadas em outubro de 1977, um dia após o falecimento de sua mãe, e que se estendem até setembro de 1979, seis meses antes de sua própria morte. No meio disso, entre 15 de abril e 3 de junho de 1979, ele escreveu A câmara clara. Etienne Samain já havia observado que esse livro, que tem 48 capítulos, foi escrito em exatos 48 dias, possivelmente, também sob
Leia Mais Ronaldo Entler | 7.nov.2011
Entre os gregos antigos, o herói precisava ter seus feitos cantados pelos poetas para merecer essa denominação. Isso quase sempre lhe custava a vida ainda jovem: a condição de seu heroísmo era a própria imagem idealizada de sua morte, tal e qual viria a ser desenhada pelo mito. A “bela morte” (kalòs thánatos) é, como sugere o historiador Jean-Pierre Vernant, um dos temas centrais da Ilíada de Homero (Vernant, “A bela morte e o cadáver ultrajado”).
Leia Mais Ronaldo Entler | 21.dez.2009
Nesta última sexta-feira, faleceu Godelieve, esposa do professor e amigo Etienne Samain. Pouco antes do velório, Etienne apareceu com uma câmera e me pediu para fazer algumas fotos da cerimônia que aconteceria. Fiquei desconcertado, não consegui entender imediatamente o porquê dessas fotografias. Mas logo lembrei de uma de suas aulas numa disciplina que dividimos na Unicamp, em que ele analisa um álbum com 19 fotografias do enterro do avô de Godelieve, feitas em 1957, na Bélgica. Sem dúvida, a morte e seus rituais interessam a um antropólogo. Mesmo quando ela
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