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Escrever tem a ver com o esforço de compreender aquelas imagens que persistem quando o olhar já seguiu adiante. Ou, antes disso, a escrita é parte desse exercício de permanência das imagens. A compreensão é só um pretexto. Quantas vezes eu fiquei parado diante de uma página em branco sem saber por onde começar… Não havia nada a ser dito, o que havia era apenas a própria imagem que persistia. Depois de um tempo, a linguagem pode chegar a desenhar a topografia desse lugar de permanência. Assim eu vejo a crítica: o desenho mais ouLeia Mais
Gilvan Barreto tem uma relação forte com a palavra, seja pela prosa envolvente que mistura vivências com processos de trabalho, seja pela escrita concisa e poética que apresenta seus livros, seja pela forte ligação que tem com a literatura. Mas, como se vê também, ele tem uma vocação forte para o embate com a matéria. Resultado dessa combinação é que, em sua mão, a palavra não se limita a seu sentido abstrato, ela vira imagem. Assim como a imagem vai além de sua superfície, ela vira coisa, forma manipulável, objeto cheio deLeia Mais

Quando a verdade não importa

Ronaldo Entler | 21.nov.2010

Por causa de uma reportagem sobre a autobiografia de Robert Capa, retornei às suas imagens e me detive sobre a polêmica fotografia do miliciano, na Guerra Civil Espanhola. Senti quando o beijo de Doisneau foi desmascarado, e torci para que a tese da encenação na foto de Capa fosse apenas especulação. Mas os céticos – para quem realidade e fotografia são coisas sempre avessas – tinham razão, e nos olharam com um ar de “eu avisei!”. Por vocação ou por obrigação, quase todos nós aprendemos a desconfiar das imagens. DominamosLeia Mais