
Borda, de Felipe Russo

Welcome Home, de gUi Mohallem

Sopro, de Breno Rotatori
Nesta quinta, dia 14/10, começaremos na Galeria Olido a exposição do Projeto Incubadora, do qual participo junto com Felipe Russo, gUi Mohallem, Breno Rotatori, Pio Figueiroa, Lua Cruz e Lucas Simões.
Do que se trata? Quem estiver lá nesse dia, verá uma montagem inacabada de três trabalhos: Welcome Home, do gUi, Sopro, do Breno, e Borda, do Felipe. Também estaremos lá para um bate-papo. A exposição deverá se reconfigurar e, no dia 28/10, haverá uma nova abertura. A principal interface do projeto é um blog, onde se pode acompanhar o desenvolvimento das nossas conversas.
Breno, Felipe e gUi já trabalhavam muito juntos quando decidiram transformar o debate num projeto. Cada fotógrafo formalizou a presença de alguém que já estava mais ou menos por perto: Breno chamou Pio, Felipe chamou Lua, e gUi chamou Lucas. Depois, sugeriram me incluir.
Foi em março deste ano, numa padaria, que eu os encontrei pela primeira vez. Eles me apresentaram a idéia e mostraram o que já tinham feito. Os trabalhos eram muito bons, aceitei participar, mas não necessariamente eu entendia “o que nós, os outros, fazemos aqui”. Esse foi o título do meu primeiro post no blog do projeto. Está claro que não somos autores, nem exatamente curadores. Quebramos a cabeça pensando em nomes para isso, mas é o que menos importa.
A idéia era criar condições para que os trabalhos fossem afetados pelas conversas, e deixar num blog o rastro dessa experiência. Por mais que eu mesmo desconfiasse, foi de verdade. Era absolutamente sincera a abertura que os três promoviam, e todos puderam ver o quanto os formatos e os sentidos dos trabalhos se reconfiguravam ao longo dos encontros. Chegamos a nos perguntar se deveria haver uma exposição, ou se o blog não vestia melhor a face mais importante do projeto, que era a interlocução. O desenho da exposição foi uma etapa crucial das conversas, talvez a parte mais coletiva de tudo o que foi criado pelo grupo.
Incubadora é um projeto, não é um coletivo de arte. Seu contrato é mais provisório, mais instável. Mas é uma resposta peculiar dada a questões que movem muitas experiências contemporâneas, incluindo a dos coletivos. Discutir e mostrar “processos” também não é exatamente uma novidade na arte contemporânea. Mas a fotografia é particularmente resistente a isso, porque ainda pesa o modo de trabalho dos clássicos: a criação fotográfica como algo puramente introspectivo, que se resolve dentro do “instante”, e que gera imagens únicas e definitivas. Mesmo para os clássicos, isso não é totalmente verdadeiro.
O Projeto Incubadora não inventa nada de novo (coisas como o processo, a interlocução), também não destrói o que é antigo (coisas como a autoria). Apenas busca uma medida para essas coisas, e coloca em evidência aspectos da criação fotográfica que tendem a ser recalcados, mesmo que estejam sempre presentes.
—
Galeria Olido
Av. São João, 473, Centro
Abertura: 14/10, 20h30
Visitação: 15/10 a 28/11, terça a domingo, das 13h às 20h
A exposição reconfigurada abre no dia 28/10