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Porque as imagens ardem, museus queimam

Ronaldo Entler | 4.set.2018

“Não se pode falar do contato entre a imagem e o real sem falar de uma espécie de incêndio”, disse Didi-Huberman. Trata-se de um desses momentos em que a teoria, para dar conta da imagem, precisa recorrer à poesia. É estranho retornar a esse texto agora. Quando ele dizia que “as imagens ardem”, mesmo que tenha nos alertado sobre o risco, não poderíamos imaginar que sua metáfora se confrontaria com uma literalidade tão estúpida. O real a que ele se refere é, de certo modo, o oposto disso que chamamosLeia Mais
Dentro da tradição das academias de arte, o retrato sempre teve um lugar relativamente digno, um pouco abaixo da pintura de cenas históricas, mas acima da paisagem e da natureza morta. Distante da concepção institucionalizada de arte que resultou nessa hierarquização, o retrato tinha também uma função utilitária: era parte de rituais que permitiam dar ao sujeito uma posição social de destaque e gerir a memória que seria deixada para a posteridade. É o mesmo ritual que a fotografia veio a popularizar no século XIX, dando ao pequeno burguês a chanceLeia Mais
Preâmbulo Demorei a conhecer a nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP, no Ibirapuera. Em princípio, por falta de tempo. Mas, talvez, também por um trauma: por conta de um carro clonado, frequentei durante anos a máquina burocrática do Detran que ocupava aquele edifício há alguns anos. Eu recebia em média duas novas multas a cada mês, todas trazendo a foto de um carro quase igual ao meu cometendo infrações pelas ruas da cidade. O que era lido nessas fotografias (bom pretexto para retomar o foco deste blog)?Leia Mais