CLAUDIA TAVARES | Um Jardim na Floresta

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Um Jardim na Floresta conta uma estória sobre a água, através de uma ação que começa no Rio de Janeiro e se completa na localidade de Floresta, sertão de Pernambuco, região atingida por longas e severas secas. A ação se baseia em retirar o excesso de umidade do meu ateliê no Rio, acumular essa água e levá-la ao sertão para regar um jardim que seria lá construído. Por dois anos engarrafei a água, pensando na seca que impede a proliferação do verde e da vida. Fui do Rio a Floresta, levando comigo cerca de 180 garrafas. Durante cinco dias viajei por cidades e lugarejos vizinhos, onde pessoas que cultivam seus jardins me presentearam com mudas para o plantio. Voltando a Floresta, construí um jardim. Reguei com a água transportada. [Claudia Tavares].
Claudia Tavares é doutoranda em Processos Artísticos Contemporâneos pelo Instituto de Artes UERJ, mestre em Artes pela Goldsmiths College, de Londres, e em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Como artista visual, utiliza as linguagens da fotografia e do vídeo em trabalhos que foram mostrados em diversas exposições individuais e coletivas. Dirigiu a Binóculo Editora, com Monica Mansur, tendo como foco principal eventos e publicações em artes visuais. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Site: www.claudiatavares.com
Um jardim na Floresta
Excesso e falta são medidas que se confundem quando confrontadas com paisagens diferentes. Colocar numa mesma perspectiva essas medidas e essas paisagens exige esforço. Primeiro, o tempo lento de uma espera contada gota a gota, para arrancar do ar invisível essa matéria – a água – que faz proliferar essa mesma vida, mas sobretudo a imaginação. Depois, uma longa distância a percorrer para levá-la a um lugar onde a vida apenas resiste. Da narrativa que se produz no caminho verte uma espécie de mito de transformação da paisagem. Construir um jardim numa vastidão árida é, como dizemos, um gesto simbólico: expressão ambígua que pode sugerir tanto a improdutividade da ação quanto a força afetiva dessa experiência. No mito, esse encontro improvável entre excesso e falta se transformam em suficiência: a natureza reconhece o esforço que lhe é dedicado. Ela responde, se comove e adere ao projeto. [Ronaldo Entler]