CYRO ALMEIDA e MESTRE JÚLIO SANTOS | Memória Involuntária

Leonardo

Leonardo


Teté

Teté


Hillary

Hillary


Jéssica Luana

Jéssica Luana


Murilo

Murilo


João Neto

João Neto


Izaque

Izaque


Jorge

Jorge


Kendoll

Kendoll


Dayene

Dayene


João Campos

João Campos


Jhessy

Jhessy

Memória Involuntária, 2016
Cada tempo constrói seus rituais em torno da imagem, numa interação própria entre os desejos que uma sociedade expressa e as tecnologias que estão disponíveis para acolhê-los. Se nos acomodamos demais ao nosso próprio tempo, muitos desses rituais parecem sem sentido: soam artificiais, afetados e desnecessários. Mas as imagens são por si mesmas impuras. Elas se encarregam de mostrar aos olhares mais receptivos aquilo que de cada momento sobrevive nos novos rituais. Encarregam-se também de encontrar em cada tecnologia uma porosidade que permita colocá-las em diálogo com formas que parecem superadas. As poses e os trejeitos diante da câmera mudam, mas o esforço de produzir relatos sobre nossa existência e nossas identidades permanecem. As tecnologias avançam mas, com frequência, elas mesmas se tornam instrumentos de uma arqueologia que busca dar respostas ao presente escavando as camadas de imaginário que foram se sobrepondo ao longo da história.
Os selfies das redes sociais e as fotopinturas são experiências que surgem em tempos e contextos distantes. Mas têm em comum o esforço de abrir a imagem àquilo que um sujeito fantasia sobre si mesmo. Essas imagens são carregadas de virtualidade, não porque porque sejam menos verdadeiras do que qualquer outro retrato, mas porque são claramente o agenciamento de uma memória que se quer deixar. Em “Memória Involuntária”, esses rituais se encontram modulando linguagens, técnicas e tempos diversos.
Cyro Almeida parte de selfies publicados nas redes, uma imagem própria de uma geração que não é a sua. Convida seus autores a reencenar aquelas poses para uma câmera de médio formato, dispositivo estranho à agilidade das câmeras de celular que geraram os selfies. Em seguida, mestre Julio dos Santos, que já havia incorporado o photoshop à sua rotina de trabalho, retoma as técnicas tradicionais da fotopintura para adicionar uma nova dose de fantasia à construção desses retratos. Não é o caso de buscar uma verdade sobre esses personagens. A imagem é um lugar de encontro em que cada sujeito deixa um pouco de si para a construção de uma memória coletiva. [Ronaldo Entler]
Cyro Almeida
Fotógrafo documentarista e artista visual, graduado em psicologia pela UFMG, desenvolve atualmente pesquisa de mestrado em Comunicação na mesma universidade . Entre 2010 e 2012, realizou a série Dandara, fruto de sua vivência na comunidade homônima do movimento sem-teto em Belo Horizonte. As imagens desta série compuseram a exposição individual Dandara no Palácio das Artes em 2014, ano da publicação desta obra em livro. Participou de exposições coletivas pela Fundação Clóvis Salgado e pelo Festival de Fotografia de Tiradentes. Foi contemplado em 2015 com o XV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, concedido pelo Ministério da Cultura. Vive em Belo Horizonte. Site: www.cyroalmeida.com
Mestre Júlio Santos
Artista, fotopintor e restaurador, dedica-se ao desenvolvimento, execução e divulgação da fotopintura, técnica fundamental na construção da memória visual do povo brasileiro, em especial na região nordeste do país. Em 1973 recuperou o antigo ateliê de seu pai, o Áureo Estúdio, onde trabalha até hoje. Há alguns anos renovou sua técnica, passando a usar de forma criativa e experimental as ferramentas de uma versão antiga do Photoshop. Tem ministrado oficinas em diversos estados do Brasil tornando mais acessível o conhecimento sobre a fotopintura. Em 2010, teve sua obra publicada no livro Júlio Santos – Mestre da Fotopintura (Ed. Tempo d’Imagem) por meio do programa Conexão Artes Visuais da Funarte e edição de Rosely Nakagawa. Nos últimos 5 anos seu trabalho tem ganhado destaque em diversas exposições coletivas e individuais. A despeito da notoriedade que seu nome vem recebendo das instituições de arte, Mestre Julio continua atendendo pedidos de retratos pintados vindos das camadas mais populares de todo o Brasil. Vive em Fortaleza.

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